O novo projeto capitaneado pelo músico potiguar Franklin Roosevelt (ex-Surto, ex-Folcore e ex-Belina Mamão), atualmente radicado em São Paulo, procura misturar o coco de embolada imortalizado pelo Mestre Chico Antônio com um rock eletrônico rasgado e cheio de marra. Apostando em letras ‘hipehopeadas’que remetem ao universo de esportes radicais como surf e skate, entre outras urbanidades como a maior aceitação social da tatuagem e a realidade vista nas esquinas de qualquer cidade grande, a banda busca criar uma identidade calcada no bom humor e em trocadilhos bem sacados.
Além de Franklin (que assume de vez sua verve de vocalista), Chico Antronic Embola Dub ainda traz na formação o vocalista Dan Laptop, Edu Hacker (teclado e programações), Diego Mouse (guitarra), Juliano GPS (percussão) e Victor control V (bateria). Apesar da experimentação soar interessante, o grupo força a barra e tropeça na tentativa de apresentar novidades por emular trabalhos anteriores como o próprio Folcore.
O bom e velho rock’n roll, de guitarras distorcidas e bateria marcada, aliado a vocais desencanados e letras de doses juvenis são as marcas mais evidentes da música apresentada pelos catarinenses do trio Lenzi Brothers. Formado pelos irmãos Marzio (guitarra e voz), Samuel (baixo e voz) e Matheus (bateria e voz), a banda ainda comemora a repercussão de “Trio” – terceiro álbum lançado pelos ‘bróderes’ no início de 2008 –, trabalho que garantiu uma das vagas para participar do Festival Mada deste ano. Baladas, pegada pop e o característico sotaque que lembra os também sulistas do Cachorro Grande engrossam o caldo do rock tradicional produzido pelo power trio.
O disco traz 11 faixas, todas próprias, e agrada pela certeira construção das melodias. A recente passagem por Natal (dia 24 de outubro) deixou transparecer que a performance ao vivo precisa ganhar volume de palco para chegar perto do bom resultado registrado em estúdio – isso não significa que o show tenha que soar igual ao disco. A pretensão do grupo de Santa Catarina é lançar novo CD logo no primeiro semestre de 2010.
Nova banda queridinha do público ligado no que anda rolando no famigerado hype, o quinteto paranaense Copacabana Club é a pedida certa para animar qualquer festa – purpurinada ou não. Formado por Caca V (voz e teclado), Alec Ventura (voz e guitarra), Cláudia Bukowski (bateria), Luli Frank (guitarra) e Tile Dougles (baixo), o grupo surgiu na cena da música independente em 2007 – na esteira de nomes como Cansei de Ser Sexy (SP) e Montage (CE).
Protagonista de um som híbrido, que transita entre a disco music dos anos 1970, o groove-rock e a música popular brazuca, o Copacabana canta em inglês e chama atenção por onde passa pela sutileza das melodias e pela personalidade marcante das interpretações – mas consistência sonora e perpetuação da carreira ainda é uma incógnita. Ganharam projeção nacional com o hit “Justo do It”, que mereceu vídeo clipe caprichado e elogios da crítica especializada. Como toda banda ‘hypada’ (leia-se “na crista da onda”), o Copacabana Club precisa trabalhar sério para não cair na armadilha dos 15 minutos de fama.
Excepcionalmente esta semana (sábado, dia 24), a coluna Ondas Curtas não foi publicada no jornal Tribuna do Norte - como de praxe - por um motivo simples: correria na produção do Festival Mada, que inviabilizou qualquer tentativa de concentração para uma audição crítica de EPs e CDs. Para evitar falhas e deslizes, estamos criando um banco de dados reserva para esses casos.
E que venha 2010, para continuarmos conjugando a máxima que move artistas, público e o próprio festival: "Música Alimento da Alma"! [www.festivalmada.com.br].
Um dos maiores festivais de música do Brasil dá o ar da graça em nova data (dias 23 e 24 de outubro) e com novo formato – este ano, ao invés dos tradicionais três dias, o Festival Mada entra no circuito com programação distribuída em dois. Entre as particularidades desta edição, destaque para o domínio dos potiguares: das 19 atrações confirmadas, sete tem suas bases fincadas no RN e uma está dividida entre Natal e São Paulo. Do rock ao pop, do hip hop ao regional, do eletrônico ao funk pancadão, do indie ao metal pesado... tem de tudo no cardápio papa-jerimum!
««MC PRIGUISSA – presente no cenário da música independente potiguar desde 2003, MC Priguissa chega ao Festival Mada na melhor fase de sua – ainda curta – carreira. Buscando inspiração para a 'batida perfeita' ao passear com desenvoltura por estilos como raggamuffin, dancehall, embolada e hip hop, o rapper – que nas ‘horas vagas’ trabalha em uma indústria – figura entre as boas novidades que devem chamar atenção do público e da mídia especializada. Ouça o hit “Essa Boe”, produzido em parceria com o DJ Pro-efX, de Belém do Pará, no endereço www.myspace.com/mcpriguissa.
««CARCARÁ NA VIAGEM – a banda surgiu em 2005 com a proposta de misturar elementos da cultura hip hop com o sotaque regional: onde coco e embolada se fundem com funk, ragga e o próprio hip hop. O resultado dessa fórmula empresta novo fôlego ao gênero, e traz interessantes possibilidades orgânicas e eletrônicas integradas ao esquema rapper (batida marcada e vocal falado). Destaque para a música ‘Vem no bem bolado” – confira na página da banda: www.myspace.com/carcaranaviagem.
««TRICOR – banda criada em 2004 sem muitas pretensões, o antigo trio ganhou musculatura musical ao incorporar os experientes Rogério Pitomba na bateria e Edu Gomez na guitarra. Com vocal feminino, comandado pela dupla Camila e Daniela, a Tricor lançou seu primeiro CD este ano calcada na vertente mais pop do conhecido pop/rock tupiniquim. Ouça em www.myspace.com/tricorbanda.
««CALISTOGA – criado em 2004 no berço do underground natalense, o quinteto formado por Henrique Rocha, Gustavo Rocha, Dante Augusto, Rafael Brasil e Daniel Araújo, apostam numa sonoridade densa – por vezes até confusa – e calcada no estilo ‘garageiro’ de ser. Nesses cinco anos de estrada, a banda já lançou quatro EPs – incluindo o recente "Still Normal", trabalho definido pelos próprios como “post-hardcore-experimental”. Seja lá o que isso signifique, ouça na página www.myspace.com/bandacalistoga.
««DUSOUTO – figura carimbada no circuito noturno natalense, a banda retorna ao palco do Mada escoltada pelo novo CD “Malokero High Society”. Repetindo a dose do disco anterior, o trio formado por Paulo Souto, Gabriel Souto e Gustavo Lamartine comprova que está mais afiado e criativo do que nunca. Faça o download do CD no site www.dusouto.com.br e confira.
««CHICO ANTRONIC EMBOLA DUB – com formação recente, a mascote da programação quer mostrar que a misturar ritmos é a bola da vez, mas peca por traçar um caminho já conhecido por quem acompanhou a banda Folcore em outros tempos – soa tão parecido que parece emular as mesmas ‘mugangas’ já experimentadas. Vamos ver como é a performance ao vivo da banda – metade potiguar, metade paulista. MySpace: www.myspace.com/chicoantronicemboladub.
««FUNK EMBLEMAS – com bom humor e o batidão mais que dançante do funk carioca, a dupla potiguar Funk Emblemas, formada por Danina Fromer e Lu Sabino, promete sacudir o público na sempre animada Tenda Eletrônica do Festival Mada. Ouça “Miguxa do Funk” em www.myspace.com/funkemblemas.
««SICK LIFE – única representante do interior do Estado nesta edição do Festival Mada, o quinteto mossoroense formado por Flávio, Daniel, Rafael, André e Eliabe, conquista uma das vagas com o peso pesado do chamado New Metal. Voz gutural, bateria acelerada e guitarras envenenadas devem sacudir a Arena do Imirá logo no início da sexta-feira. Visite a página da banda no MySpace www.myspace.com/bandasicklife.
Nervoso, visceral e mais cru que os trabalhos anteriores, o novo EP da potiguar Bugs prova que ainda há muito caldo para espremer do bom e velho rock’n roll. Formada por Paolo, Denilton, Augusto e Dimetrius, a banda renova seu fôlego como quarteto e deixa para trás aquele papo de ser “considerada grande promessa da música independente no RN”: o EP de nome enigmático, que em aramaico significa “Deus, porque nos abandonaste?” – considerada a última frase de Jesus Cristo na cruz do Calvário –, soa honesto e verdadeiro ao desencanar da perseguição por psicodelia e experimentalismos.
Claro que ainda é evidente a influência do lado non-sense e a presença do psicodelismo no rock produzido pelo Bugs, mas deixou de ser o centro das atenções no quesito sonoridade concentrando-se nas letras. Ponto positivo! Outro detalhe que torna a música dos potiguares ainda mais interessante, é o fato de todas as letras serem em português – coisa rara entre bandas do gênero no Brasil. O EP está disponível para download no site da banda.
Arlequim Dourado, formado por Philipe Brito, Caio Viana, Paula Martins e Rodrygo Gadelha, lança mão de um experimento instrumental pretensioso: em apenas quatro faixas, o quarteto cearense tenta fundir regionalismo, virtuosidade, heavy metal, música eletrônica, Luiz Gonzaga e Hermeto Pascoal. Se para uns sobra experimentalismo, para outros falta um foco que a identifique. As faixas são tão diversas que a música do grupo perde força com o excesso de ingredientes – cada qual quis deixar parte de sua influência sem pensar a coisa como um todo.
Forjado nos corredores do curso de Licenciatura em Educação Musical da UFC, Arlequim Dourado engrossa o caldo da música instrumental produzida na esquina do continente – uma vocação que envolve, notadamente, tanto o Ceará quanto o Rio Grande do Norte e a Paraíba. Destaque para a formação pouco convencional do grupo, que se apresenta com quatro guitarras no palco.
A “Rádio Experienza” de Alexandre Lima sintoniza música eletrônica e reggae, Dado Villa-Lobos e Zé Garaldo, Cláudio Zoli, ragga muffin e hip hop. Com pegada pop e um nome quilométrico, o álbum ora lembra o lado comportado do rock tupiniquim dos anos 1980, ora soa como a engajada fase d’O Rappa nos tempos do baterista Marcelo Yuka: muito balanço, efeitos, batida marcada e letras despreocupadas com temáticas – o objetivo principal de “Meu apartamento é pequeno, mas tenho o lado de fora para andar” é envolver o ouvinte nesse universo, independente de rótulos.
A faixa “Ouro Negro”, que pelo capricho da produção deve ser o xodó do artista neste trabalho, conta com as participações especiais do guitarrista da saudosa Legião Urbana e um dos trovadores da MPB Zé Geraldo, mais os músicos Hariton Nataniellides (viola e violino) e Leo Caetano (arranjos).
Após emplacar música no game oficial da Copa do Mundo de 2006, colecionar ótimas críticas na imprensa especializada e conquistar o público com seu álbum de estréia, os potiguares da banda DuSouto chegam na área com novo trabalho. Apostando em um formato mais enxuto e na mesma fórmula anterior de mesclar música eletrônica, rock, regionalidades, doses de humor e grandes ‘sacadas’, o trio Gabriel Souto (DJ e efeitos), Paulo Souto (baixo e voz) e Gustavo Lamartine (guitarra e voz), se supera ao materializar Malokero Highsociety.
São nove faixas, mais uma versão dub para a música “Fazendo a Kbça”, que traduzem o compromisso do power trio com a música para fins de diversão pura sem restrições. A boa fase do grupo também é comprovada pela dupla escalação: participam tanto do Festival Mada (em outubro) quanto do Festival DoSol (em novembro). O CD traz participação de Diogo Guanabara (cavaquinho) na música ‘processo’ “Cachaça Agogo”, DJ Samir em “Samba Canção” e a cantora Badu (Pangaio), em “Fazendo a Kbça”.
O quarteto paraibano Nublado, formado por Rayan Lins (bateria e voz), Fábio Viana (guitarra e voz), André de Férrer (baixo e voz) e Lucas Moura (guitarra), apresentam um britpop tupiniquim com certa dose nostálgica – tanto nas letras quanto nas melodias. Não que a banda faça um som antigo, mas é que temos a sensação de já termos ouvido as músicas em algum lugar no tempo e no espaço. Gravado e mixado em Natal no início deste ano, estúdios DoSol e Megafone, as quatro faixas do EP “Voo Livre” agrada pelo apuro técnico e pela qualidade da interpretação, mas, apesar de propor renovar a fórmula ‘juventude-reflexão-amor-atitude’, a banda peca ao não investir em novas possibilidades para reforçar o gênero e se perde no mundo ‘indie-emo-pop-rock’.
Com ar melancólico, a lá Radiohead, o quarteto “esbarra numa espécie de pós-grunge” e dá sinais que experimentações eletrônicas podem ser uma alternativa para buscar a própria personalidade e um lugar ao Sol. Um dos detalhes que chama atenção é o cuidado com o visual psicodélico da capa.
A música de Dom Capaz é o que podemos chamar de ‘rock emotivo’. Recheado por letras sentimentais, um sambinha aqui outro acolá, bons solos de guitarra e vocais gritados, o quarteto mineiro de Uberlândia – capitaneado pelo guitarrista e vocalista Lucas Paiva – corre o risco de ser mais um no meio da multidão para, simplesmente, ‘chover no molhado’. Dom Capaz, também formado por Bruno Vieira (guitarra), João Vítor Guerra (bateria) e Rafa Rayz (baixo), surgiu em 2005 na esteira das bandas adolescentes que choram amores escoltados por guitarras distorcidas, entre outras características ‘emo’.
Apesar da formação clássica do rock (baixo, guitarras e bateria), a banda também lança mão de instrumentos como teclados, percussão, escaleta e violino, admitindo “referências musicais amplas”. Este é o primeiro trabalho do quarteto, que “admite sua face samba, sem esconder a alma rock’n roll”. Destaque para a faixa “Cordão”.